A chamada radiação solar é composta por um conjunto de
radiação electromagnética no qual se inclui a radiação visível (as cores), radiação
infravermelha (que nos dá a sensação de calor) e radiação ultravioleta
(ultravioleta A “UVA” e ultravioleta B “UVB”). Esta última é a mais falada
quando se fala de protecção solar pois é a que efectivamente causa problemas. As
radiações UVA e UVB são diferentes mas igualmente perigosas.
A radiação UVA gera radicais livres na pele que podem
danificar o colagénio e elastina da pele, que provoca perda de elasticidade e
envelhecimento precoce (leia-se, rugas). Também causa a libertação de melanina
armazenada dos melanócitos que se encontram na pele, levando ao aparecimento da
pele bronzeada. A melanina funciona como uma espécie de escudo que evita que a
radiação prejudique o ADN das células, que pode levar ao aparecimento de
cancros (no caso da UVA, pode dar origem a melanomas). Mas como todos já
sabemos, o processo do bronzeado demora tempo (numas pessoas mais que outras) e
enquanto decorre o processo de bronzeamento a pele fica efectivamente
desprotegida da radiação solar!
Já a radiação UVB estimula a criação de nova melanina e
vitamina D mas causa queimaduras solares e pode dar origem a outros cancros que
não melanomas. Ora com esta conversa toda mesmo um leigo depreende que deve aplicar
um protector solar com protecção UVA + UVB.
Outra coisa que se fala sempre que se discute protecção
solar é o FPS (factor de protecção solar). As pessoas falam de factor 20, 30,
50+ mas não sabem muito bem do que estão a falar. Geralmente têm a ideia que
50+ é para pessoas branquinhas (o que não está errado, mas não é completamente
correcto) e que se forem para a praia com um protector desses então nunca se
vão bronzear portanto-dê-me-o-mais-baixinho-muito-obrigada.
Portanto, momento de confessionário: até há bem pouco tempo
também não sabia o que era o FPS. Aprendi então que este factor de protecção é
a relação entre o tempo que a pessoa pode estar ao sol sem se queimar usando o
protector solar e o tempo que pode ficar ao sol sem se queimar sem usar
protecção. Portanto se 5 minutos de sol são o suficiente para começar a
queimar, em teoria com um protector 50 seriam 50x5 = 250 minutos (pouco mais de
4 horas). Pois…. É tudo muito bonito mas a aplicação do protector solar tem
algumas falhas: nós nunca usamos a quantidade recomendada, não reaplicamos como
é suposto (aplicar 15 a 30 minutos antes da exposição, e reaplicar a cada 2h ou
quando formos ao banho ou se suarmos muito) e a absorção do protector solar
pode variar de pessoa para pessoa por causa do tipo e do estado de pele.
Regra geral escolhe-se o FPS conforme o fototipo de pele, o
tipo de actividade (é diferente passar dias inteiros na praia ou aplicar apenas
porque se saiu à rua), o objectivo da protecção (tratamento despigmentante, tratamento
anti acneico, ou rosácea quererem protecções mais elevadas) e se a pessoa já
está bronzeada ou não.
Quanto ao fototipo também já muita gente ouviu falar. É a
caracterização da nossa pele de acordo com a cor e a relação com a resistência
à radiação solar. Costuma ter também em conta a cor dos olhos e cabelo:
- FOTOTIPO I – Pele muito branca, cabelo loiro ou ruivo, olhos azuis, sardas - não se bronzeia e queima-se sempre - (muito sensível à radiação solar);
- FOTOTIPO II - Pele clara, cabelo loiro ou ruivo, olhos claros - bronzeado difícil e queima-se facilmente – (sensível à radiação solar);
- FOTOTIPO III – Pele clara a média, qualquer cor de cabelo e olhos, bronzeia-se progressivamente e às vezes queima-se – (sensibilidade solar moderada);
- FOTOTIPO IV – Pele morena, geralmente cabelo e olhos escuros, bronzeia-se com facilidade e raramente se queima – (pouca sensibilidade solar);
- FOTOTIPO V – Pele morena escura ou castanha, cabelo e olhos escuros, a pele bronzeia muito e muito raramente se queima – (mínima sensibilidade solar);
- FOTOTIPO VI – Pele negra, cabelo e olhos negros, nunca/muito raramente se queima – (nenhuma sensibilidade solar);
E sim, eu tenho dúvidas se sou III ou IV: a minha pele nunca
chega a ser branca (adquiro uma muito linda tonalidade amarela no inverno e
bronzeio facilmente no Verão, mas não tanto como antigamente) e já apanhei
alguns escaldões ao longo dos anos (mea culpa). Portanto se formos pelas
descrições acabo por me identificar na IV, mas se for ver imagens no Google o
tipo IV é mais representado por pessoas não caucasianas e aí sou remetida para
o III. Seja como for, nestes últimos anos tenho andado a utilizar protecção 30
até porque tenho de o dividir com uma pessoa de fototipo II (utiliza o SPF 30
só quando já tem bronze, até lá é SFP 50+ e grandes raspanetes se se deixa
queimar).
E os bronzeadores, perguntam vocês. Pois, a maior parte
daquilo a que se chama bronzeadores, são protectores solares com um FPS muito
baixo, mas protectores solares na mesma. Podem é ter na sua composição algum
ingrediente que alegadamente prolongue o bronzeado ou dê uma cor mais bonita. O
meu conselho é só utilizar no caso de já se estar bem bronzeado ou como
complemento de um protector solar mais forte. Até porque costumam ser bastante
hidratantes e a pele fica muito seca com a exposição solar e exposição ao sal
ou ao cloro da piscina. Agora, nunca mas nunca usem óleo Johnson ou óleo de
cozinha para bronzear. A única coisa que vai acontecer é a pele fritar (quase
literalmente) e as queimaduras solares são ampliadas com a utilização destes
óleos. Se gostarem da textura em óleo, já há no mercado várias marcas que fabricam
protectores com FPS alto, que hidratam muito a pele e deixa aquele brilho que
as pessoas procuram (Avène, Uriage, Nuxe, Nivea só para dizer algumas marcas).
Por último convém referir que há dois tipos de filtros
solares: físicos e químicos. O filtro físico está presente nos protectores
minerais e bloqueia os raios UV de forma, bem, física! Geralmente à base de dióxido
de titânio, ele forma uma barreira protectora que evita que os raios cheguem a
entrar pois são reflectidos ou dispersados. Sim, estes são aqueles protectores
solares que formam aquela pasta branquinha (o truque para evitar isto é
espalhar primeiro o protector nas mãos e depois sim espalhar pelo corpo). São
usados em pessoas com pele muito sensível, que façam alergia aos protectores
solares químicos e também muito usados em bebés (pois têm uma pele muito
imatura). Já os filtros químicos são aqueles que estamos mais habituados e que contêm
substâncias que vão interagir com os raios UV (em vez de ser a nossa pele a
interagir com eles), protegendo-nos dos seus efeitos nocivos.
E como a noite já vai longa, a Parte II, (onde vou falar de
alguns produtos que utilizei ao longo dos anos) fica para outro dia.
Até lá, não sejam Jonis