quarta-feira, 27 de julho de 2016

Protecção solar – Parte I

Estamos a meio do verão e como tal um tema muito falado é a protecção solar. Fala-se em blogs (eheh), programas de televisão, publicidade e até músicas, portanto toda a gente sabe alguma coisa de protecção solar, nem que seja o básico. Ora vamos lá fazer um apanhado das informações.

A chamada radiação solar é composta por um conjunto de radiação electromagnética no qual se inclui a radiação visível (as cores), radiação infravermelha (que nos dá a sensação de calor) e radiação ultravioleta (ultravioleta A “UVA” e ultravioleta B “UVB”). Esta última é a mais falada quando se fala de protecção solar pois é a que efectivamente causa problemas. As radiações UVA e UVB são diferentes mas igualmente perigosas.

A radiação UVA gera radicais livres na pele que podem danificar o colagénio e elastina da pele, que provoca perda de elasticidade e envelhecimento precoce (leia-se, rugas). Também causa a libertação de melanina armazenada dos melanócitos que se encontram na pele, levando ao aparecimento da pele bronzeada. A melanina funciona como uma espécie de escudo que evita que a radiação prejudique o ADN das células, que pode levar ao aparecimento de cancros (no caso da UVA, pode dar origem a melanomas). Mas como todos já sabemos, o processo do bronzeado demora tempo (numas pessoas mais que outras) e enquanto decorre o processo de bronzeamento a pele fica efectivamente desprotegida da radiação solar!

Já a radiação UVB estimula a criação de nova melanina e vitamina D mas causa queimaduras solares e pode dar origem a outros cancros que não melanomas. Ora com esta conversa toda mesmo um leigo depreende que deve aplicar um protector solar com protecção UVA + UVB.

Outra coisa que se fala sempre que se discute protecção solar é o FPS (factor de protecção solar). As pessoas falam de factor 20, 30, 50+ mas não sabem muito bem do que estão a falar. Geralmente têm a ideia que 50+ é para pessoas branquinhas (o que não está errado, mas não é completamente correcto) e que se forem para a praia com um protector desses então nunca se vão bronzear portanto-dê-me-o-mais-baixinho-muito-obrigada.

Portanto, momento de confessionário: até há bem pouco tempo também não sabia o que era o FPS. Aprendi então que este factor de protecção é a relação entre o tempo que a pessoa pode estar ao sol sem se queimar usando o protector solar e o tempo que pode ficar ao sol sem se queimar sem usar protecção. Portanto se 5 minutos de sol são o suficiente para começar a queimar, em teoria com um protector 50 seriam 50x5 = 250 minutos (pouco mais de 4 horas). Pois…. É tudo muito bonito mas a aplicação do protector solar tem algumas falhas: nós nunca usamos a quantidade recomendada, não reaplicamos como é suposto (aplicar 15 a 30 minutos antes da exposição, e reaplicar a cada 2h ou quando formos ao banho ou se suarmos muito) e a absorção do protector solar pode variar de pessoa para pessoa por causa do tipo e do estado de pele.

Regra geral escolhe-se o FPS conforme o fototipo de pele, o tipo de actividade (é diferente passar dias inteiros na praia ou aplicar apenas porque se saiu à rua), o objectivo da protecção (tratamento despigmentante, tratamento anti acneico, ou rosácea quererem protecções mais elevadas) e se a pessoa já está bronzeada ou não.

Quanto ao fototipo também já muita gente ouviu falar. É a caracterização da nossa pele de acordo com a cor e a relação com a resistência à radiação solar. Costuma ter também em conta a cor dos olhos e cabelo:

  • FOTOTIPO I – Pele muito branca, cabelo loiro ou ruivo, olhos azuis, sardas - não se bronzeia e queima-se sempre - (muito sensível à radiação solar);
  • FOTOTIPO II - Pele clara, cabelo loiro ou ruivo, olhos claros - bronzeado difícil e queima-se facilmente – (sensível à radiação solar);
  • FOTOTIPO III – Pele clara a média, qualquer cor de cabelo e olhos, bronzeia-se progressivamente e às vezes queima-se – (sensibilidade solar moderada);
  • FOTOTIPO IV – Pele morena, geralmente cabelo e olhos escuros, bronzeia-se com facilidade e raramente se queima – (pouca sensibilidade solar);
  • FOTOTIPO V – Pele morena escura ou castanha, cabelo e olhos escuros, a pele bronzeia muito e muito raramente se queima – (mínima sensibilidade solar);
  • FOTOTIPO VI – Pele negra, cabelo e olhos negros, nunca/muito raramente se queima – (nenhuma sensibilidade solar);

E sim, eu tenho dúvidas se sou III ou IV: a minha pele nunca chega a ser branca (adquiro uma muito linda tonalidade amarela no inverno e bronzeio facilmente no Verão, mas não tanto como antigamente) e já apanhei alguns escaldões ao longo dos anos (mea culpa). Portanto se formos pelas descrições acabo por me identificar na IV, mas se for ver imagens no Google o tipo IV é mais representado por pessoas não caucasianas e aí sou remetida para o III. Seja como for, nestes últimos anos tenho andado a utilizar protecção 30 até porque tenho de o dividir com uma pessoa de fototipo II (utiliza o SPF 30 só quando já tem bronze, até lá é SFP 50+ e grandes raspanetes se se deixa queimar).

E os bronzeadores, perguntam vocês. Pois, a maior parte daquilo a que se chama bronzeadores, são protectores solares com um FPS muito baixo, mas protectores solares na mesma. Podem é ter na sua composição algum ingrediente que alegadamente prolongue o bronzeado ou dê uma cor mais bonita. O meu conselho é só utilizar no caso de já se estar bem bronzeado ou como complemento de um protector solar mais forte. Até porque costumam ser bastante hidratantes e a pele fica muito seca com a exposição solar e exposição ao sal ou ao cloro da piscina. Agora, nunca mas nunca usem óleo Johnson ou óleo de cozinha para bronzear. A única coisa que vai acontecer é a pele fritar (quase literalmente) e as queimaduras solares são ampliadas com a utilização destes óleos. Se gostarem da textura em óleo, já há no mercado várias marcas que fabricam protectores com FPS alto, que hidratam muito a pele e deixa aquele brilho que as pessoas procuram (Avène, Uriage, Nuxe, Nivea só para dizer algumas marcas).

Por último convém referir que há dois tipos de filtros solares: físicos e químicos. O filtro físico está presente nos protectores minerais e bloqueia os raios UV de forma, bem, física! Geralmente à base de dióxido de titânio, ele forma uma barreira protectora que evita que os raios cheguem a entrar pois são reflectidos ou dispersados. Sim, estes são aqueles protectores solares que formam aquela pasta branquinha (o truque para evitar isto é espalhar primeiro o protector nas mãos e depois sim espalhar pelo corpo). São usados em pessoas com pele muito sensível, que façam alergia aos protectores solares químicos e também muito usados em bebés (pois têm uma pele muito imatura). Já os filtros químicos são aqueles que estamos mais habituados e que contêm substâncias que vão interagir com os raios UV (em vez de ser a nossa pele a interagir com eles), protegendo-nos dos seus efeitos nocivos.

E como a noite já vai longa, a Parte II, (onde vou falar de alguns produtos que utilizei ao longo dos anos) fica para outro dia.

Até lá, não sejam Jonis
 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

O que é a Dermocosmética?

Ora aqui está uma boa pergunta. Quando na faculdade se falava em dermocosmética, o que nos vinha logo à ideia era "cremes". E sim, muitos de nós eramos preconceituosos o suficiente para pensar que dermocosmética era uma coisa fútil e muito abaixo daquilo que estudávamos, todas aquelas substâncias que faziam a diferença entre a vida e a morte.

Mas temos de analisar bem a palavra Dermocosmética. Na realidade significa Dermatologia + Cosmética e se bem que a parte da cosmética já é considerada mais acessória, a dermatologia já é muito importante, com muitas doenças que podem ser tratadas com todos estes "cremes".
Doenças tão comuns como pele atópica, acne, rosácea, dermatite seborreica, passando por situações mais graves como psoríase, ictiose, há um grande mundo onde existe uma vasta panóplia de cremes, pomadas, loções, sejam cosméticas ou com substâncias activas, vários laboratórios que fabricam produtos diferentes para o mesmo efeito. Como conhecer tudo?

A verdade é que não dá para conhecer tudo. Nem os médicos conhecem tudo (acho). O melhor a fazer é conhecer os princípios básicos por detrás de cada doença ou estado de pele, conhecer a fundo uma ou duas gamas diferentes e depois extrapolar para o resto. E é assim que se vai sobrevivendo. Assim e a consultar os catálogos online e a perguntar a colegas mais experientes a opinião deles.