segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Pele Atópica – Parte I

Quantos de nós já ouvimos falar de pele atópica, dermatite atópica ou eczema sem saber exactamente o que isso é? Geralmente associamos a uma doença qualquer de pele nos bebés, que dá muita comichão e a pele acaba por ficar em carne viva e pouco mais.
Ora bem, pele atópica não é nada mais nada menos que uma pele em que a camada lipídica não é suficiente para reter a água, resultando em secura e hipersensibilidade da pele, podendo dar origem a inflamação (vermelhidão, comichão, borbulhas…). É mais comum nos bebés, pois a pele pode ainda estar imatura e não haver um equilíbrio lipídico adequado, mas também pode continuar pela vida fora até idade adulta. O mais normal porém e desaparecer quando se entra na adolescência.
A dermatite atópica, ou eczema, não é nada mais, nada menos do que o nome dessa inflamação de pele causada pela falta de lípidos que retenham a água. Dermatite= Derme (camada profunda da pele) + “ite” (Inflamação). Não é contagiosa. Tem uma grande componente genética associada: filhos de pais com história de atopia têm mais probabilidades de vir a desenvolver o problema. A parte imunológica também é muito prevalente. Geralmente estas pessoas têm um sistema imunitário muito reactivo que na presença de alérgenos (seja pó, fibras sintéticas, detergentes, fragrâncias…) é excessivamente activado, resultando da tal vermelhidão e prurido descritos anteriormente. Não esquecer que estas peles têm uma camada lipídica reduzida o que faz com que as suas defesas estejam diminuídas e assim qualquer alérgeno que entre em contacto com a pele é mais facilmente detectado pelo sistema imunitário. Outra característica muito comum é que estas pessoas têm maior facilidade de desenvolver outras doenças de carácter alérgico como rinites ou asma.
E quais são as áreas mais afectadas? Bem, nos bebés é a face queixo e pescoço. Mais tarde estende-se às dobras da pele e articulações (cotovelos, parte detrás dos joelhos, pulsos). No adulto as articulações continuam a ser as partes mais afectadas. Contacto com alérgenos, vento, frio ou calor podem desencadear uma crise pois basta que a pele perca a sua camada lipídica. Essa crise pode afectar uma ou várias partes do corpo, e em crises diferentes, locais diferentes podem ser afectados. Passada a crise, entra-se no chamado processo de remissão, em que o corpo entra na cura da pele afectada.
O que fazer então para prevenir e tratar crises? Bastante óbvio por acaso. Se pensarmos que tudo isto surge por falta de lípidos da pele, temos de recolocar os lípidos, ou seja, gordura. Um bom creme hidratante é essencial, de preferência com uma fase gorda bastante pronunciada (isto porque os cremes são constituídos por uma fase aquosa e uma fase lipófila, a chamada fase gorda que neste caso é o que vamos precisar). Também é necessário que o creme tenha poucos ou nenhum perfume e poucos conservantes, de forma a minimizar a formação de alguma alergia.
Outra parte muito importante é a limpeza, uma vez que a água e os produtos de limpeza normais acabam por retirar a gordura da pele (que neste caso é essencial) e que neste caso devem ser substituídos por produtos de limpeza sem sabão que não interfiram no equilíbrio hidrolipídico da pele. E nunca esquecer, que a seguir a uma limpeza temos sempre de hidratar a seguir. Se isto já é verdade numa pele normal, numa pele atópica então é essencial.
Por último existem alguns produtos mais específicos que podem ser usados ou em alturas de crise ou para evitá-las. Por exemplo, um bom creme barreira é sempre essencial quando se sabe que se vai estar em contacto com algo que vai agravar a situação (por exemplo uma ida à piscina ou à praia).
Este é um tema que a mim me diz muito, pois toda a minha vida sofri de pele atópica. E se bem que na adolescência melhorou muito a verdade é que ainda hoje tenho crises de eczema. E sim, já passei por muitos cremes e produtos de limpeza pela minha vida, pelo que vou fazer uma avaliação muito subjectiva no meu próximo post.